A Netflix parece ter voltado a investir com força em suas produções originais. De filmes de romance, como A lista da minha vida, passando por séries em plano sequência como Adolescência, até o novo drama médico da plataforma: Pulso.
Em Pulso, acompanhamos o dia a dia dos médicos, cirurgiões e internos da emergência do hospital Maguire. A primeira temporada tem como trama central a denúncia de assédio da residente do terceiro ano, Danny Simms, contra o chefe de residência, Xander Phillips, com quem a mesma nutriu um relacionamento complicado. Ao mesmo tempo, precisa encarar a posição de chefe residência, cargo que seu melhor amigo queria muito, em meio a um furacão. Entre casos emergenciais e complicados, dramas, romances e tensões que acompanham a denúncia, os médicos precisam equilibrar vida pessoal e profissional, e deixar os problemas de lado para conseguir salvar vidas.
Como alguém que está assistindo a 21ª temporada de Grey’s Anatomy e já assistiu House umas 3 vezes, eu me considero algo como uma especialista em dramas médicos, se algo assim existir. É por isso que posso afirmar duas coisas: como drama, Pulso é ótima, como série médica, é ruim.
Os primeiros episódios da série tem como pano de fundo um furacão acontecendo em Miami e prendem o telespectador. São diversos casos chegando ao mesmo tempo, a rotina de um pronto socorro a todo vapor, cirurgias complicadas, decisões certas e erradas de todos, enquanto os dramas pessoais dos médicos ficam em segundo plano. É bom, é eletrizante, lembra os bons e intensos episódios de Greys e faz com que o público queira ver mais. Danny Simms, a médica protagonista, também vai bem, conseguindo se impor e mostrar que merecia (e muito) o cargo de chefe dos residentes. Me prendeu e me fez pensar: ok, isso definitivamente vai ser bom.
Mas, depois dos primeiros três episódios, a impressão é que a série se perde. O frenesi da medicina, com casos complicados, cirurgias, residentes dando tudo de si e querendo se provar para os médicos vai para segundo plano, e os dramas pessoais tomam mais tempo de tela. Conflitos entre Danny e sua irmã, entre Danny e seu melhor amigo, entre Danny e Phillips, triângulo amoroso de um dos residentes… enfim, drama demais e medicina de menos, e olha que eu sou FÃ de drama.
Um outro ponto, que eu acredito ter sido um grande erro da produção, é como Danny Simms muda dos primeiros três episódios para o restante da série. A médica que aparece cheia de confiança no seu trabalho, confrontando pacientes e médicos mais experientes, vira uma bagunça de sentimentos nos episódios seguintes. Danny perde toda a sua autoestima e confiança, não apenas nos relacionamentos, mas também como médica, e acaba perdendo sua força na tela.
O ponto alto da série fica por conta dos personagens secundários: a dinâmica de Sophie (residente) e Camila (interna), como dois opostos de personalidade, iniciando uma amizade, é muito boa, e Tom Cole, o residente mulherengo que toda série médica precisa ter, tentando descobrir para onde quer ir na medicina e se impor para seu médico e mentor. Já Elijah, que concorre com Danny pelo cargo de chef, não tem tantos momentos de destaque e acaba ficando esquecido pelos dramas em que se envolve também.
A produção, lançada em 3 de abril, foi a primeira série médica da Netflix e parece ter mirado em Grey’s Anatomy, tendo recebido até bastantes elogios positivos, mas, se for renovada para um segundo ano, o que ainda não foi confirmado pelo streaming, vai precisar melhorar muito e investir mais na parte médica.
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